Extraído
do Portal NoMinuto.com
01.
Para começar, o que vem a ser a chamada energia eólica?
Por
definição, energia eólica é aquela obtida pelo movimento do ar, pelos ventos.
02.
Parece que não é de hoje que a energia eólica é usada pelo homem. Procede?
O
uso da energia eólica da forma mais próxima do que conhecemos hoje em dia (onde
a vedete é a geração de energia elétrica) vem das antigas Pérsia e Babilônia,
ainda na Antiguidade, quando foram criados os moinhos de vento, inicialmente
usados para bombear água para irrigação de plantações e para moer grãos.
03.
Há notícias de usos ainda mais antigos da energia eólica?
Um
dos usos mais antigos data da Pré-História, e ainda hoje é empregado: o homem
descobriu cedo que podia usar o vento para impulsionar embarcações, e um dos
primeiros instrumentos para aproveitar o vento para tal uso foram as velas - as
naus egípcias, nesse aspecto, chegaram a uma sofisticação impressionante na
Antiguidade; voltando ao presente, para se dar uma ideia, o navio-veleiro U20
"Cisne Branco", da Marinha do Brasil, tem as velas ao vento como
propulsão principal.
04.
Voltando à produção de energia, o que é necessário para se produzir energia
elétrica a partir da força do vento?
É
preciso um equipamento denominado turbina ou aerogerador. Um conjunto deles
forma uma usina, fazenda ou parque eólico.
05.
É só impressão ou um aerogerador é como se fosse um ventilador ao contrário?
A
grosso modo, é isso mesmo: em um ventilador, usa-se a energia elétrica para
movimentar as pás a fim de gerar vento; no aerogerador, é o vento que movimenta
as pás, gerando energia elétrica.
06.
Qual a potência gerada por uma turbina?
A
potência, nas turbinas grandes, depende do diâmetro das pás (o conjunto é
denominado rotor). Para um rotor de 10 m de diâmetro, a potência pode chegar a
25 kW; para um rotor de 80 m, até 2,5 MW. Estes valores de potência são tomados
com a velocidade das hélices a 15 m/s (54 km/h aproximadamente).
07.
Em média, quanto uma turbina grande pode fornecer de energia?
Calcula-se,
sob condições ideais, que uma turbina grande possa gerar 1,8 megawatts de
potência; ou cerca de 5,2 milhões de kWh (quilowatts-hora) por ano. Tomando-se
como base uma casa que tenha um consumo médio de 165 quilowatts-hora por mês,
uma turbina grande em condições ideais permitiria abastecer umas 2.626 casas (o
que corresponde, por exemplo, a 95% do Conjunto Santarém, na Zona Norte de Natal,
conjunto que tem ao todo 2.764 casas) durante um ano inteiro.
08.
E se a velocidade do vento passar de um ceto valor, as coisas não se tornam
perigosas?
De
fato. Para isso, as turbinas têm mecanismos de segurança - em geral, quando o
vento chega a 20 m/s (72 km/h), ou a turbina se desliga automaticamente ou
sistemas especiais forçam de algum modo as pás a girarem menos rápido, como se
fosse um "freio", até que a velocidade do vento volte a uma margem
segura.
09.
E o impacto ambiental?
Apesar
de ser considerada uma energia gerada de forma "limpa", sem precisar
poluir nem devastar, ainda há que se considerar o impacto ambiental. As torres
e hélices alteram, sim, a paisagem, a partir do aspecto visual; caso o parque
eólico seja instalado em alguma região onde haja uma rota de migração de
pássaros, estes podem ficar sob ameaça (a chance de um pássaro ser atingido em
cheio por uma hélice aumenta), o mesmo podendo acontecer com morcegos; a
instalação de uma turbina em uma região desértica de solo compacto pode causar
erosão no solo; os aerogeradores emitem um ruído grave, de baixa frequência,
que dependendo do nível pode ser incômodo à vizinhança; a estrutura pode causar
interferência nas transmissões de televisão; e como as turbinas não funcionam
sempre em sua capacidade máxima, até porque não há como controlar a velocidade
do vento, os operadores de parque eólicas precisam ter um "Plano B"
(geralmente com uma pequena quantidade de energia confiável e não-renovável)
para as eventualidades de brisa (em geral, velocidades inferiores a 20 km/h) ou
calmaria.
10.
Quanto custa instalar uma turbina/aerogerador?
Uma
única turbina de grande porte, para geração pública de energia, com capacidade
para 1,8 MW (quer dizer, praticamente toda a capacidade do parque eólico de
Macau neste momento) pode custar até US$ 1,5 milhão (dólares americanos)
instalada, sem contar os gastos com o terreno, as linhas de transmissão e
outras questões relacionadas com a infra-estrutura. Na prática, um parque
eólico tem custo aproximado de US$ 1 mil por quilowatt de capacidade - tomando
como referência uma instalação nos Estados Unidos. Os valores no Brasil são
mais altos que isto, principalmente por conta dos impostos.
11.
Qual região possui o maior potencial em termos de energia eólica no Brasil?
De
longe, o Nordeste possui o maior potencial medido para energia eólica em todo o
país - estima-se que possam ser gerados 75 GW (gigawatts) de potência na
região, principalmente no litoral.
12.
E o Rio Grande do Norte, a quantas anda em termos de energia eólica?
O
Rio Grande do Norte tem dois parques principais até o momento. O pioneiro é o
de Macau, com potência de 1,8 MW - foi o primeiro instalado no estado, em 2004,
com três aerogeradores de 600 kW, e pertence à Petrobras. O outro parque está
situado em Rio do Fogo, e tem potência de 49,5 MW.
13.
Quantas usinas o Rio Grande do Norte possui?
No
papel, o Rio Grande do Norte tem, desde o ano de 2004, 24 usinas outorgadas -
na prática, apenas duas estão em funcionamento, e outras duas estão sendo construídas.
14.
E onde se situarão as usinas/fazendas que ainda não saíram do papel?
A
maioria vai se situar na chamada Costa Branca, o litoral entre Tibau e Touros.
Mas há outras usinas previstas no Litoral Norte (entre Natal e Touros) e em
cidades um pouco mais distantes do litoral.
15.
Onde e quais são as usinas que deverão ir para a região entre Tibau e Touros?
A
maior potência a ser gerada, ao menos no papel, virá de Guamaré, com cerca de
400 MW: estão previstas as usinas/fazendas Alegria I (com potência prevista de
51 MW), Alegria II (pouco mais de 100 MW - tanto Alegria I quanto Alegria II
estão em obras e devem começar a funcionar em 2010) e Guamaré Fases I e II
(quase 250 MW, juntas). Depois vem Galinhos, com pouco mais de 380 MW a serem
gerados futuramente pelas usinas Santa Izabel (198 MW) e Parque Salinas (180,2
MW). Mais quatro cidades têm outorgas para parques eólicos: Porto do Mangue,
com Fazenda Nova (180 MW); São Bento do Norte, com as usinas Três Irmãos (59,5
MW) e São Bento do Norte (59,5 MW); Areia Branca, com as usinas Ponta do Mel
(50,4 MW) e Mel (89,2 MW); e Tibau, com a usina Verdes Mares (158,4 MW). Além
disso, a usina de Macau pode ampliar sua capacidade para 3 MW.
16.
Quer dizer que, neste momento, mais dois parques eólicos estão a caminho? Qual
a situação?
O
Governo do Estado conseguiu "esticar" junto à ANEEL o prazo final
para entregar as obras das usinas Alegria I e II - Alegria I deve estar
concluída até outubro de 2010, e o financiamento já foi assinado no BNB; e
Alegria II deve ser entregue até dezembro de 2010 (o financiamento, no mês de
outubro, estava sendo analisado).
17.
E as usinas no Litoral Norte?
Estão
previstas usinas/parques eólicos em Extremoz - com as usinas Água das Dunas
(43,2 MW) e Pititinga (49,3 MW) - e em Touros - com as usinas Paraíso Farol
(102 MW), Gravatá (45 MW), Gameleira (49,3 MW) e Vale da Esperança (29,7 MW).
18.
Fora o litoral, consta que alguns municípios receberão usinas/parques eólicos.
Quais?
Há
cinco cidades se preparando para tal. Em João Câmara, deverá se instalada a
usina Macacos (161,5 MW); em Lagoa Nova, a usina Serra de Santana (99,4 MW); em
Baraúna, a usina Juremal (59,5 MW); em Mossoró, a Serra de Mossoró (49,3 MW); e
em São Gonçalo do Amarante, a usina Taíba Águia (35 MW).
19.
Existe realmente a possibilidade do Rio Grande do Norte se tonar
auto-suficiente em geração de energia elétrica?
Existe,
e isto deve se tornar realidade em 2010.
20.
Como esta auto-suficiência será possível?
Na
ponta do lápis, a demanda de energia do Rio Grande do Norte é de 600 MW, em
média. As usinas já instaladas e em funcionamento no estado - a Termoassu (em
Assu, movida a gás; enregue em 2008), as usinas a diesel Potiguar I e III (em
Macaíba, movidas a diesel. entregues este ano), e os parques eólicos de Rio do
Fogo e Macau - produzem hoje, juntas, cerca de 510 MW. Com a entrada em
operação das usinas Alegria I e II - o que deve ocorrer em 2010 - chega-se a
pouco mais de 660 MW, superando a demanda do estado.
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